O que é não-violência (AHIMSA)?

É mesmo possível agir com empatia e amor em todas as ocasiões, tanto com nós mesmos quanto com todos os seres vivos? É mito ou verdade? Como modificar as nossas atitudes para modificar o mundo ao nosso redor?

É POSSÍVEL SIM, e hoje vou falar sobre não-violência, essa poderosa ferramenta muda a nossa realidade interior e exterior. E mais, essa ferramenta pode simplesmente mudar o mundo como o conhecemos.

A não-violência nos incentiva a agir de acordo com a nossa essência, de acordo com as reais necessidades que estão em nossos corações, com amor próprio e ao próximo sempre.

A Origem da Não-Violência

A expressão NÃO-VIOLÊNCIA tem sua origem do Sânscrito da palavra AHIMSA que é o primeiro passo no código de conduta do Yoga, ahimsa está dentro das Yamas, que são as práticas nobres que a filosofia do Yoga nos ensina para aplicarmos em nossas vidas.

Ahimsa não está apenas em nossos atos, mas também em nossos pensamentos e palavras. A maioria das pessoas deve pensar: “Bom, eu não sou violento, eu não bato em ninguém”, mas a violência vai muito além dos atos físicos, atitudes sarcásticas, julgadoras, debochadas, rotulações são todas ações agressivas.

Satya Sai Baba, um grande mestre expositor da educação para a paz indiano falava que às vezes um empurrão, um tapa dado por uma pessoa é mais fácil de esquecer do que uma agressão verbal. Assim, a não-violência precisa estar em nossos pensamentos, palavras e ações, pois estão todos interligados.

Lembrando que a não-violência é aplicada em nossas relações com os outros seres vivos, assim como também com nós mesmos. Buda já dizia que: “Você, o seu ser, tanto quanto qualquer pessoa em todo o universo, merece o seu amor e sua afeição.”

O que é a Não-Violência?

Os maiores expositores da Não-Violência foram Mahatma Gandhi e Leon Tolstói, dentre vários outros.

Leon Tolstói foi um grande escritor russo que influenciou diretamente na expansão da filosofia da não-violência, suas obras mais famosas são “Guerra e Paz “e “O Reino de Deus está em Vós”. Tolstói defendia que as pessoas deveriam seguir os ensinamentos de Jesus, através do amor, da paz, da compaixão, do respeito, e para isso era preciso extinguir toda forma de violência.

Mahatma Gandhi foi um advogado indiano que agiu corajosamente com o movimento de resistência não-violenta na época em que a Índia era de domínio da Inglaterra. Gandhi e Tolstói se comunicavam e trocavam ideias sobre essa filosofia positiva.

Além das influências de Tolstói, Gandhi se baseou nos princípios no Jainismo, conhecendo o Ahimsa, que é o princípio de não causar mal aos outros nem a si mesmo.

O princípio da não-violência não tem nada haver com apanhar calado, nem ficar parado diante de uma situação conflituosa.

Movimento mais conhecido sobre Não-Violência

Um dos movimentos mais conhecidos de ahimsa, aconteceu com Gandhi, em 1930, e ficou conhecida como a “Marcha do Sal”, quando a Inglaterra monopolizava tecidos e sal da Índia. Os indianos eram proibidos de produzir o seu próprio sal, então eles decidiram que esse seriam o símbolo de sua estratégia, a Satyagraha, palavra de origem sânscrita que significa: Satya: verdade e Agraha: firmeza.

Para Gandhi, Satyagraha era se opor completamente à violência e à injustiça, mesmo que isso significasse desobedecer a lei. Gandhi antes de inciar a marcha, primeiramente tentou convencer o vice-rei sobre a injustiça da lei do sal, porém sem sucesso.

Assim, teve início a marcha do sal, Gandhi foi apoiado por milhares de indianos e vários jornalistas internacionais. Gandhi foi preso e isso gerou muita comoção e protestos entre seus seguidores. Gandhi saiu da cadeia, mas a lei do sal continuou. Acontece que toda essa movimentação foi decisiva para a libertação da Índia 16 anos mais tarde.

Na época de sua morte, ao levar o tiro, Gandhi sorriu e fez um sinal de perdão com a mão pedindo a Deus perdão pelo seu assassino. O grande sábio indiano Paramahansa Yogananda, em seu livro Jornada para a Autorrealização assim falou sobre essa grande alma:

“Nunca um líder político ou religioso foi tão honrado na morte como Gandhi. Ele é até mais poderoso hoje do que quando estava vivo. Ele manteve o poder e exemplificou seus ensinamentos até o fim. Uma semana só antes de sua morte, foi alvo de uma bomba que quase o acertou, mas ele pediu a seus seguidores que não fossem severos com os traidores! Disse que Deus ainda o conservava ali para trabalhar um pouco mais e que quando terminasse o trabalho Ele o levaria.

Na véspera de morrer, disse à sobrinha-neta: “Abha, Abha, traga as cartas importantes. Eu as assinarei. Amanhã pode ser tarde demais.” Ele sabia que tinha chegado a sua hora. Assim é Gandhi, que libertou a Índia, que agiu com não-violência perante todos os políticos obstinados e provou que seu método era eficaz. Mahatma Gandhi era de Deus. Talvez não tenha sido tão grandioso quanto Cristo ou os mestres que conheci, mas ele conhecia Deus. Quando recebeu o tiro, estava com um sorriso nos lábios e fez um sinal de perdão com a mão. Com aquele gesto Gandhi pedia ao Pai o perdão para o seu assassino. Isso foi tão inspirador quanto as palavras de Jesus na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.

Martin Luther King, um dos muitos defensores da não-violência, na época da morte de Gandhi, falou: “Aqui está um homem da não-violência morrendo nas mãos de um homem de violência. Aqui está um homem do amor morrendo nas mãos de um homem de ódio. É assim o curso da história, mas o homem que atirou em Gandhi, na verdade o atirou nos corações da humanidade.”

A Não-Violência se inicia em nós mesmos

Você pode pensar que não é violento por nunca ter agredido ninguém ou coisas do tipo, mas será mesmo? Será que você não costuma falar palavras ríspidas para os outros? Será que você não direciona pensamentos negativos para alguém ou alguma situação? Será que você não tem um comportamento destrutivo diante de suas dificuldades?

Você sabia que a violência não se expressa apenas por atos físicos agressivos? A violência passiva está diretamente ligada ao sofrimento emocional, e atitudes que estão presentes no dia a dia, como sarcasmo, menosprezo, ironia, deboche são algumas que exemplificam isso.

Pense bem, você gosta de ser tratado com as atitudes que falei acima? Não, claro que não, ninguém gosta e nem merece isso. Porém, não percebemos que podemos fazer isso com mais frequência do que imaginamos, como se fosse algo normal.

Quando somos tratados assim ficamos tristes, magoados, com raiva. Mas espere aí? Você também não age assim? Então está recebendo apenas o que emitiu. A reflexão gente é que a mudança de comportamento deve começar em nosso interior primeiramente, como o sábio Mahatma Gandhi falava: “Seja a mudança que você quer ver no mundo”.

Entenda que a mudança começa por você. Se nós queremos um mundo com mais AMOR e PAZ, temos que fazer a nossa parte, afinal, estamos todos interconectados.

Quando as pessoas percebem a nossa mudança elas acabam mudando sua forma de comportamento também, na maioria dos casos.

É importante termos noção de como a vida é SAGRADA, de quão grande é o seu valor, e se pudermos conviver todos em paz, imagine só? Seria MARAVILHOSO.

Como praticar a Não-Violência?

O primeiro passo é identificar o comportamento destrutivo aonde quer que ele esteja. Aprender a identificar emoções e reações é muito importante, se autoanalisar e avaliar outros.

Muitas vezes fechamos os olhos para as nossas próprias sombras e isso é algo que precisamos desenvolver. Reflita: “Aonde eu sou destrutivo em pensamentos, atitudes e palavras comigo mesmo e com os outros? Como que eu me prejudico ou prejudico os outros tanto consciente como inconscientemente?

Quando fazemos essa análise passamos a perceber o quanto de violência nós cultivamos em nosso interior e ao nosso redor, seja por aquilo que estamos conectados, aquilo que estamos lendo, assistindo, ouvindo, direta ou indiretamente, o que pensamos e como agimos, em geral, tudo o que estamos vivendo.

Quando nos abrimos para tratar os outros e a nós mesmos com amor e compreensão, agimos de acordo com a nossa essência. Quando conseguimos expressar as nossas reais necessidades e entender as do próximo ficamos mais equilibrados e nos tornamos mais felizes, saudáveis e calmos.

A não-violência é uma prática contínua. Se pararmos para analisar, hoje, mais do que nunca, o mundo precisa da NÃO-VIOLÊNCIA. O Mundo anda muito violento, tanto em palavras, como em ações em todos os sentidos, no trabalho, no trânsito, nas relações pessoais, em termos globais, as pessoas já não se entendem, e isso gera muitos desafios e desconexões.

“Olho por olho, e o mundo acabará cego.” – Mahatma Gandhi.

Não espere mudanças drásticas da noite para o dia, tente praticar a cada dia e assim colherá os resultados positivos, os hábitos levam tempo. Se você mantiver uma forte intenção e paciência com amor tudo vai correr bem.

“A não-violência não existe se apenas amamos aqueles que nos amam. Só há não-violência quando amamos aqueles que nos odeiam.” – Mahatma Gandhi.

Você já ouviu falar sobre a comunicação não violenta? Aperte o link abaixo e conheça essa poderosa ferramenta capaz de transformar conflitos https://universoempatico.com.br/o-que-e-comunicacao-nao-violenta/

Reinaldo Duarte da Silva
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