‘Ela está dentro de você’: 10 filmes para crianças sobre morte, vida e luto
Muitos pais, cuidadores e até mesmo professores podem ter receio de falar sobre o tema, já que ele costuma gerar incômodo, mas é consenso entre os especialistas em desenvolvimento infantil que a escuta ativa da criança passa por tratar com respeito e reverência os seus porquês sobre o mundo.
A morte e o luto aparecem com frequência no Lunetas – uma busca rápida pela palavra-chave “morte” em nosso campo de busca traz dezenas de matérias, listas e reportagens sobre o assunto, entre dicas de livros e outras ferramentas pedagógicas que invistam na educação emocional para mediar essa conversa.
“É preciso educar as crianças para a morte”, defende o professor Thiago Augusto Divardim de Oliveira – clique aqui para ler a entrevista completa
Por que falar sobre a morte com as crianças?
“Nascer é muito comprido“, já dizia o poeta Murilo Mendes. E sobre o morrer, o que ele – ou outro – diria? Diante do mistério mais onipresente da vida do ser humano, somos eternos curiosos, como as crianças. São elas, aliás, que frequentemente têm as dúvidas mais honestas sobre esse assunto. “O longe é para sempre?”, pergunta o personagem Cícero, protagonista do livro “A coisa brutamontes“, romance infantojuvenil aborda a dor de perder alguém querido e ficar do lá, sem as respostas.
Sobre a morte, afinal, as perguntas sempre sobram. O que podemos fazer é criar repertório para lidar com o que dói, e acessar nossos próprios medos sem receio de parecermos vulneráveis na frente das crianças. Conforme aprendemos com o professor Christian Dunker, no livro “O palhaço e o psicanalista” – do qual falamos recentemente por aqui – permitir-se à vulnerabilidade é a senha para uma relação afetiva e honesta, e não só com as crianças.
Confira a lista de filmes que podem contribuir para conversar com as crianças sobre a morte, e todas as interrogações que vêm dela.
- 1. “Up, Altas Aventuras”
Um senhor chamado Carl Fredricksen, com seus setenta e poucos anos de idade, passou a vida sonhando em explorar o planeta e viver plenamente a vida. Após perder sua companheira, ele vive isolada em uma casa sob risco de demolição. Até que um plano mirabolante invade sua cabeça: fazer sua casa inteira levantar voo através de balões e transportá-la dos Estados Unidos para o Paraíso Perdido das Cachoeiras, um lugar perdido em meio às montanhas da América do Sul. O filme todo é uma espécie de jornada de elaboração de luto do personagem principal, e apresenta uma amizade intergeracional entre um menino e um idoso.
- 2. “A casa dos pequenos cubos” (Tsumiki no ie)
Vencedor de mais de 15 prêmios internacionais, incluindo um Oscar de melhor animação em 2009, este curta japonês sem diálogos conta a história de um senhor com idade já avançada que mora em uma cidade ao nível do mar. Com o passar do tempo, o nível da água vai subindo, e, desta maneira, o idoso tem que erguer ainda mais sua casa, que é levantada tijolo por tijolo. O pequeno filme, com pouco mais de 12 minutos, metaforiza a elaboração da perda, e de como nos isolamos em muros altos a cada vez que não conseguimos lidar com um sentimento. O filme já foi utilizado como base para teses sobre psicanálise e saúde mental.
- 3. “O Rei Leão”
Quem não se lembra do clássico infantil da Disney e sua jornada de elaboração do luto do pequeno Simba, após perder o pai, Mufasa? Há uma cena em que o macaco Rafiki, ao ver o filhote de leão sofrendo com a perda do pai, diz “Ele está dentro de você”, uma fala que atravessou gerações como um aprendizado sobre os vínculos afetivos que permanecem mesmo depois da partida de alguém. Em cartaz em live action nos cinemas, a nova versão de O Rei Leão convida a revisitar também o original, e relembrar a força simbólica de uma história que ultrapassa a passagem do tempo.
- 4. “Viva – A vida é uma festa”
Tendo como pano de fundo a tradição mexicana do Dia de Los Muertos e a perspectiva de como diferentes culturas lidam com a morte, o filme trata com leveza de questões humanas e familiares universais. A animação conta a história de Miguel, que sonha em se tornar um grande músico como seu ídolo, Ernesto de la Cruz. Então, Miguel vai à pitoresca Terra dos Mortos, seguindo uma misteriosa sequência de eventos. Ao longo do caminho, ele conhece o trapaceiro Hector e juntos partem em uma jornada para descobrir a verdade por trás da história da família de Miguel. O filme é dirigido por Lee Unkrich (Toy Story 3).
- 5. “O túmulo dos vaga-lumes”
Os irmãos Setsuko e Seita vivem no Japão em meio a Segunda Guerra Mundial. Após a morte da mãe em um bombardeio americano e a convocação do pai para a Guerra, eles vão morar com alguns parentes. Insatisfeitos, saem da cidade e acabam num abrigo isolado na floresta, onde lutam contra a fome e as doenças e se divertem com as luzes dos vaga-lumes. Uma animação sensível sobre os aprendizados do amadurecimento diante das situações desafiadoras.
- 6. “Lilo & Stitch”
Em uma exótica ilha do Havaí, uma garotinha solitária chamada Lilo adota um “bichinho” de estimação e passa a chamá-lo de Stitch. Só que ela não sabe que o pequeno ser é uma perigosa experimentação genética que fugiu de um planeta alienígena. O único interesse de Stitch em relação a Lilo é usá-la como escudo para se proteger dos caçadores alienígenas que vieram capturá-lo. No final, é a fé de Lilo em “ohana”, uma tradição da família havaiana, que abre o coração de Stitch e dá a ele aquilo que nunca poderia imaginar ter em sua vida – a capacidade de gostar de alguém. (YouTube Filmes). Disponível na Netflix. Assista ao trailer:
- 7. “A casa monstro”
Mesmo para um garoto de 12 anos, D.J. Walters tem uma imaginação hiperativa. Ele está convencido de que seu desvairado e sinistro vizinho Horácio Epaminondas, que aterroriza todas as crianças da vizinhança, é responsável pelo desaparecimento da Sra. Epaminondas. Qualquer brinquedo que cai na casa de Epaminondas desaparece na hora, engolido pela casa cavernosa que Horácio vive. Mas, na verdade, a “casa engolidora” é uma metáfora para o luto que o senhor Horácio vive após perder a esposa. Disponível na Netflix. Assista ao trailer:
- 8. “Divertidamente”
Apesar de não ser propriamente um filme sobre um personagem que está vivendo um luto, “Divertidamente”, da Pixar, é um verdadeiro tratado lúdico sobre a mente humana, e trata com leveza de um assunto fundamental para todos que criam uma criança, educação emocional. O filme acompanha as aventuras e desventuras dos sentimentos que vivem dentro da protagonista, Riley, acompanhando o impacto que os acontecimentos da sua vida têm sobre saúde mental. O filme retrata as pesquisas do mentor de Dacher Keltner, professor de Psicologia da Universidade da Califórnia, o pesquisador Paul Ekman, pioneiro dos estudos das relações entre as emoções e as expressões fisionômicas. Disponível na Netflix. Assista ao trailer:
- 9. O vale encantado dos dinossauros
Na distante época dos vulcões e perigosos terremotos, um jovem braquiossauro chamado Littlefoot é repentinamente deixado sozinho, após a morte da sua mãe. Saindo à procura do lendário Vale Encantado, ele encontra quatro outros jovens dinossauros que concordam em acompanhá-lo em sua jornada. Numa ousada aventura para cruzar uma paisagem cheia de perigos, o bravo grupo encontra predadores famintos e desafios assustadores, enquanto aprende novas lições de vida e a importância do trabalho em equipe.
- 10. “Frankenweenie”
Da Disney e do gênio criativo de Tim Burton (“Alice no País das Maravilhas” e “O Estranho Mundo de Jack”), o divertido “Frankenweenie” é uma história emocionante sobre um menino e seu cachorro. Depois de perder subitamente seu amado cão Sparky, o jovem Victor aproveita o poder da ciência para trazer seu melhor amigo de volta à vida, apenas com alguns pequenos ajustes. (YouTube Filmes) Disponível na Netflix. Assista ao trailer:
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