O Incrível Poema-Manifesto de Oriah Mountain Dreamer, “O Convite”
O nome é incomum, Oriah Mountain Dreamer, mas o poema dessa escritora canadense não é. “O Convite” é um desafio em forma poética, um poema lúcido, vívido e com uma circunferência que pretende incluir tudo que a vida é, principalmente o âmago das suas experiências. Das nossas verdadeiras experiências, não importa o quão felizes, tristes, solitárias ou coletivas. O que Oriah percebe como falso ou convencional, ela simplesmente diz (e repete ao início de cada verso): “não me interessa“.
A inspiração pela liberdade de viver que o poema traz lembra um pouco o trabalho de Gestalt Terapia do psicoterapeuta alemão Fritz Perls (1893-1970).
Para ler o poema e captar o convite, baixe um pouco seu ritmo de leitura, respire fundo e leia as sentença com atenção e calma.
Eis o poema, traduzido para o português.
O CONVITE
Por Oriah Mountain Dreamer
Não me interessa o que você faz pra viver. Quero saber o que você deseja ardentemente, e se você se atreve a sonhar em encontrar os desejos do seu coração.
Não me interessa quantos anos você tem. Quero saber se você se arriscaria parecer que é um tolo por amor, por seus sonhos, pela aventura de estar vivo. Não me interessa que planetas estão em quadratura com a sua lua. Quero saber se você tocou o centro de sua própria tristeza, se você se tornou mais aberto por causa das traições da vida, ou se tornou murcho e fechado por medo das futuras mágoas.
Quero saber se você pode sentar-se com a dor, minha ou sua, sem se mexer para escondê-la, tentar diminuí-la ou tratá-la. Quero saber se você pode conviver com a alegria, minha ou sua, se você pode dançar loucamente e deixar que o êxtase tome conta de você dos pés à cabeça, sem a cautela de ser cuidadoso, de ser realista ou de lembrar das limitações de ser humano.
Não me interessa se a história que você está contando é verdadeira. Quero saber se você pode desapontar alguém para ser verdadeiro consigo mesmo; se você pode suportar acusações de traição e não trair sua própria alma. Quero saber se você pode ser leal, e portanto, confiável.
Quero saber se você pode ver a beleza mesmo quando o que vê não é bonito, todos os dias, e se você pode buscar a fonte de sua vida em sua presença. Quero saber se você pode conviver com o fracasso, seu e meu, e ainda postar-se à beira de um lago e gritar à lua cheia prateada: “Sim!”.
Não me interessa saber onde mora e quanto dinheiro você tem. Quero saber se você pode levantar depois de uma noite de tristeza e desespero, cansado e machucado até os ossos e fazer o que tem que ser feito para as crianças.
Não me interessa quem você é, como chegou até aqui. Quero saber se você vai se postar no meio do fogo comigo e não vai se encolher.
Não me interessa onde ou o que ou com quem você estudou. Quero saber o que o segura por dentro quando tudo o mais fracassa. Quero saber se você pode ficar só consigo mesmo e se você verdadeiramente gosta da companhia que tem nos momentos vazios.
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